O Centro de Bem Estar Infantil de Vila Franca de Xira, Instituição Particular de Solidariedade Social, tal como hoje se conhece, foi reconvertido em 1976, do até então, CASI – Centro de Assistência Social Infantil, fundado e dirigido pelo Dr. Vasco Moniz.
O CASI inaugurado em 1944, era um internato para rapazes, onde aprendiam uma profissão e estavam até à maioridade, nas palavras do seu fundador o CASI era:
" O CASI não é um prado onde se deambula poeticamente em horas matinais da primavera, mas uma ladeira áspera, que só se pode transpor com botas de cabreiro, grossas e rijas. Não admira, pois, que eu escorregue e, por vezes caia: o que admira é que haja quem ache divertido deitar cascas de laranjas no caminho que escolhi. Porém, eu, inteiro ou feito em pedaços, conto atingir o cimo da encosta."
O CASI foi uma instituição pioneira nos princípios defendidos e nas pedagogias desenvolvidas, o Dr. Vasco Moniz, foi sempre considerado um homem de ideais muito avançados para a época. No seu percurso pode ainda encontra-se o Jornal "O Catraio"que foi publicado entre 1946 e 1961, data em que foi extinto pela censura do regime político vigente.
Relativamente à pedagogia desenvolvida no CASI ela é retratada numa das páginas do "Catraio" da seguinte forma:
"Cada qual pode ter o seu método de educar. E, de facto, não há quem o não tenha. Pelo que não admira que nós tenhamos o nosso. Não pretendemos propor reformas pedagógicas. Nem tão pouco dar lições de pedagogia (...). Há muito quem pense - eu também assim pensava – que isto de educar a criança é tão suave como fazer versos em noites de luar (...) O trabalho do educador-educador, não falo do educador-funcionário, também não pode ser regulado por contratos colectivos pela simples razão de que os limites desse trabalho são as necessidades do educando (...) "
Após breve síntese da história, importa acrescentar que desde a fundação e até aos dias de hoje o Centro de Bem Estar Infantil de Vila Franca de Xira – CBEI, tem sido uma instituição que tem vindo a crescer física e pedagogicamente, tentando sempre melhorar a qualidade dos serviços prestados.
O CBEI hoje:
- Uma IPSS – Instituição Particular de Solidariedade Social
- Composta por 4 valências: Creche (crianças com idades compreendidas entre os 0 aos 3 anos); Pré-Escolar (crianças com idades compreendidas entre os 3 aos 6 anos); ATL1º (crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 10 anos); ATL 2º e 3º Ciclos ( jovens com idades compreendidas entre 10 e os 15 anos).
- Número total de crianças: 500
- Número total de funcionários: 84
- Número total de sócios: 700
- Estamos localizados no centro de Vila Franca de Xira, funcionando todas as valências num mesmo edifício, edifício este com 67 anos, sendo desta forma transversal à nossa própria história.
O que fazem:
Estatutariamente o CBEI mantém como objetivo a assistência à primeira, segunda e terceira infâncias, tal como definido em 1975.
No entanto, nos estatutos em vigor acresce o apoio à juventude e salvaguarda-se que a instituição coopera com as famílias na educação física, moral e intelectual dos seus filhos.
Assim, dá-se uma alteração de princípios, passando a assumir-se a família como primeiro e principal agente educativo em detrimento da instituição. É nosso objetivo cooperar e não substituir, embora em determinados casos se assumam as medidas de proteção necessárias e legais.
De acordo com os princípios solidários que caraterizam esta instituição desde a sua fundação, destacamos dos princípios pedagógicos enunciados no Projeto Educativo (PEE), a igualdade de oportunidades bem como a educação para todos. Cada vez a nossa população alvo é mais heterogénea (nacionalidade, estatuto sócio-económico, tipos de famílias) e por isso o trabalho desenvolvido procura dar respostas educativas e de desenvolvimento a todos e respeitando/valorizando as diferenças e caraterísticas individuais.
A resposta que esta instituição disponibiliza diariamente divide-se em duas vertentes embora sejam complementares, a saber:
Vertente Pedagógica
- Promover o desenvolvimento integral da criança potenciando experiências onde possam descobrir e adquirir competências adequadas à sua faixa etária e aos diferentes contextos de ação;
- Promover relações empáticas e de confiança entre os diferentes intervenientes no processo educativo;
- Educar no afeto, consciencializando para a importância que as emoções e as vivências afetivas assumem no desenvolvimento social e cognitivo;
- Educar para a autonomia e incutir princípios de responsabilização e respeito pelas ações e pelo outro, recorrendo a processos de elaboração conjunta e de negociação;
- Incutir na criança o gosto pelo belo e potenciar a sua criatividade e imaginação, através do livre acesso a experiências diversificadas;
- Potenciar o aumento do conhecimento dos contextos familiares e institucionais.
Vertente de Apoio à Família
- A resposta centra-se ao nível dos horários alargados praticados pela instituição (7h/19.30h);
- A existência de atividades extra-curriculares (inglês; pintura, educação física e natação; estudo acompanhado) em contexto institucional, ou quando fora dele, com respetivo transporte e acompanhamento, estas atividades têm todas elas uma vertente externa, ou seja são frequentadas por crianças que não são utentes diariamente do CBEI;
- Resposta às necessidades básicas independentemente das caraterísticas individuais ou de necessidades específicas que as crianças possam apresentar;
- Adaptação dos tempos e práticas de rotina ao ritmo de cada uma das crianças;
- Relativamente às condições sócio-económicas de cada um dos agregados familiares, salvaguarda-se sempre o interesse maior que é o da criança. Ou seja, em caso de dificuldades económicas nenhuma criança fica impedida de frequentar a instituição ou é privada de qualquer atividade desenvolvida na mesma.
Como fazem:
- Apoiados em quadros teóricos consistentes e coerentes com os princípios defendidos pela instituição;
- Através de reuniões periódicas de equipa para organização/planificação, avaliação/reflexão de todas as atividades a desenvolver ou desenvolvidas;
- Através da criação de grupos de trabalho, compostos por elementos que se encontram verdadeiramente motivados e interessados em aprofundar e discutir diferentes temáticas;
- Ações de formação internas e externas;
- Através do conhecimento de cada um dos grupos e de cada criança, que no caso particular da valência de Jardim de Infância se vê apoiado no Projeto "Ser e Conhecer";
- Organização dos tempos e dos espaços de acordo com as necessidades de cada grupo e do seu plano pedagógico;
- A livre escolha das crianças relativamente às atividades que querem ou não realizar;
- A utilização de registo de observação que permitam ao adulto sistematizar o conhecimento relativo de cada criança de forma a que o educador possa motivar a criança para outros campos de interesse;
- Procurando inovar nas práticas pedagógicas, sobretudo ao nível das formas de abordar os conteúdos a explorar, a procura de novos materiais, bem como formas de fazer;
- Em termos de conteúdos abordados, e no que respeita à aquisição e desenvolvimento da linguagem escrita e ao desenvolvimento de competências lógico-matemáticas, desenvolvemos três projetos – "A linguagem escrita no JI"; "Nós e os Números" e "O Livro Mágico";
- Elaboração e desenvolvimento de projetos específicos, de acordo com as necessidades sentidas, exemplo disso o projeto "Era Uma Vez...", que procura explorar o gosto pelas histórias, pelo livro e pela criatividade, desenvolvido na valência de Pré- Escolar;
- Através da realização de ações no exterior que permitem aos grupos de crianças terem contato com diferentes tipos de contextos, realidades, formas de expressão;
- Através da realização de eventos fora de portas e abertos à comunidade em geral, como forma de promover e dar a conhecer o trabalho desenvolvido no CBEI (e.g., Gala Jovem e Festa do Foral);
- Com as crianças/jovens mais velhos destacam-se a criação de relações de confiança que permitam o aumento real de autonomia e responsabilização destes jovens na gestão dos seus tempos e dos seus pólos de interesse;
- Com uma relação instituição/família muito valorizada e próxima, em que se privilegia o conhecimento dos diferentes contextos em que a criança se insere. Relativamente ao CBEI, existem diferentes formas de fazer chegar aos pais a realidade institucional, tais como: contatos formais e informais dos quais destacamos os contactos diários (instituição de porta aberta), página da Internet, placards de sala e valência e dossiers individuais;
- Com afeto.
O futuro do CBEI:
- Acreditando que educação não é um conceito estanque, educar ou partilhar esse ato implica disponibilidade para aprender e ensinar, implica querer e fazer, implica saber e saber mais, de modo a que a resposta educativa disponibilizada para cada criança seja sempre e cada vez mais adequada às necessidades e interesses dessa mesma criança;
- Mantendo a porta sempre aberta ao conhecimento, nomeadamente através do acolhimento de estagiários de diferentes áreas, embora todos associados à atividade principal da instituição;
- Através da melhoria das condições do espaço físico da instituição, projetando a construção de um novo equipamento, moderno e adequado, de modo a melhor a qualidade da nossa resposta.
A Escola de Natação "Os GOLFINHOS", do CBEI tem 10 anos de existência, e já ensinou a nadar alguns milhares de crianças, jovens e adultos. Esteve a funcionar nas instalações da Marinha durante 8 anos e atualmente está em pleno funcionamento diário, durante todo o ano letivo, na Piscina do Alhandra Sporting Club e na Piscina Municipal de Vila Franca de Xira. Ao longo destes 10 últimos anos, têm tido anualmente várias centenas de praticantes dos 6 meses aos 80 anos, 6 professores, e um grupo de 12 colaboradores na logística e acompanhamento, quer funcionários do CBEI, quer voluntários que se associaram a esta Escola desde o seu início.
O Plano de atividades tem sido uma realidade cumprida! A participação no Programa de Desenvolvimento da Natação Concelhia da responsabilidade da CMVFX, tem sido uma prioridade entre outras como outros torneios em concelhos de proximidade, os Estágios de Aventura e as festas internas de natal e de Final de ano também têm sido momentos altos da Escola e onde se têm investido esforços coletivos de participação.