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Uma coletividade centenária como o Ateneu Artístico Vilafranquense tem no seu curriculum, naturalmente, inúmeros episódios que definem e caraterizam a especificidade daquilo que tem sido a sua função sociocultural, acompanhando, assim, não sem dificuldades e sacrifícios, mas também com empenho, o suficiente, para ultrapassar esses momentos menos favoráveis, mais do que um século de vida.
Um século português que viveu quatro momentos essenciais: a Monarquia, a 1ª República, o Estado Novo e a democracia da 3ª República, a do pós-25 de Abril de 1974. Podendo igualmente perceber-se nos testemunhos recreativos desta coletividade, nos programas culturais que uniram os seus associados e amigos, nos membros que constituíram ao longo dos anos, a sua Banda de Música, em gerações sucessivas de Vilafranquenses entusiastas dessa arte de Euterpe que é a Música, nos concertos populares, nas iniciativas várias que fizeram permanecer a chama de uma ideia, vendo-se aí, e em muitos mais, diríamos nós, o reflexo da realidade cultural de toda uma região e, particularmente, de uma localidade como Vila Franca de Xira, lugar de presença efetiva nas várias fases que fizeram a história destes dois últimos séculos em Portugal.
A origem desta coletividade encontra-se no contexto histórico e cronológico da segunda metade do século XIX, em épocas propícias, por razões várias à proliferação das sociedades musicais. É assim que a génese do atual Ateneu Artístico Vilafranquense pode ser testemunhada no esforço inicial de um grupo de música popular muito específico e caraterístico desses tempos, o chamado "Grupo Ocarinista" fundado em 1888 por Joaquim dos Reis Tralha, mais tarde, um dos fundadores da "Fanfarra 1º de Maio". Se o som das ocarinas pode reunir alguns dos homens desta terra mais apaixonados pela música, e pela harmonia e vivacidade que proporcionava, logo se pretendeu dar corpo a um projeto mais digno e de maior possibilidade de expansão cultural e recreativa, convertendo-se assim na "Fanfarra 1º de Maio" fundada em 1891.
No ano seguinte, apresenta-se a Fanfarra ao público vilafranquense com 16 executantes, aumentando esse número, em 1894, para 27 músicos, que assim confirmavam os propósitos iniciais. Acompanhando o gérmen republicano, a coletividade viria a denominar-se, em 1906, "Grémio Popular Vilafranquense" e, poucos anos depois, ligar-se-ía inevitavelmente ao "Centro Eleitoral Republicano Vilafranquense", mantendo, contudo, o subtítulo de "Fanfarra 1º de Maio".
Mas se esses eram tempos de união entre valores políticos e culturais, rapidamente se entendeu ser prejudicial tal ligação entrando a coletividade em crise significativa, só ultrapassada em 1916, com a formação do "Grémio Artístico Vilafranquense", afirmando-se então um coletivo com o vigor necessário para que não mais voltasse a faltar um agrupamento musical que fizesse o orgulho das gentes de Vila Franca de Xira dando a fanfarra lugar a uma banda de música.
Nomes como o já referido Joaquim dos Reis Tralha (que foi, durante largos anos regente da "Fanfarra 1º de Maio", José Dias da Silva (principal mentor da coletividade durante os conturbados anos da 1ª República), o maestro e compositor da região Artur César Pereira ou os presidentes e diretores Faustino de Sousa, Adriano Porfírio da Silva e Arnaldo Araújo entre outros, foram, por certo, parte fundamental da persecução do projeto iniciado em 1891.
Após a afirmação do "Grémio Artístico" ao longo dos anos 20 e 30, seria já por determinação do decreto-lei 29.232 de 1938, artº11, que a coletividade teve de alterar a denominação, para não se confundir os "Grémios", os organismos corporativos criados então pelo Estado Novo. Assim, o Grémio dá lugar à atual designação de "Ateneu Artístico Vilafranquense".
No dia 24 de Abril de 1999, o Ministro da Cultura, Profº António Manuel Carrilho, atribuiu a Medalha de Mérito Cultural a esta Coletividade, em sessão solene no Salão Nobre da autarquia de Vila Franca de Xira.
A coletividade foi distinguida igualmente pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira com as medalhas de Mérito Cultural e Associativo, prata e ouro, pela Federação Portuguesa das Coletividades de Cultura e Recreio com as medalhas de ouro Instrução e Arte e Mérito Associativo, e placa de prata de Mérito Cultural da Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira.
Está ainda declarada como Associação de Utilidade Pública.
A amplificação da atividade geral do Ateneu, só continuará a ser possível, com o envolvimento de todos os associados, de todos os participantes das secções, de todos os homens e mulheres que ajudam o Ateneu Artístico Vilafranquense a crescer de dia para dia, assim como, dos diversos agentes da freguesia e concelho, para que o objetivo final de honrar os 121 anos desta instituição e de democratizar o acesso a bens culturais para a nossa comunidade possa ser cumprido.